quarta-feira, 15 de setembro de 2021

MOTIVOS PARA VIAJAR SOZINHA

    Comecei a viajar sozinha quando voltei a ser solteira, após um curto e conturbado casamento. Inicialmente, participei de excursões dividindo quarto com pessoas desconhecidas. Depois, passei a me hospedar sozinha e a fazer meu próprio roteiro. Foi a partir dessas experiências de liberdade com privacidade que comecei a adorar viajar sozinha. 
    Em uma viagem com grupo de amigos à Itália, maravilhosa por sinal, dentre algumas situações estressantes por causa de discussões relativas ao roteiro, duas em especial me convenceram de que, muitas vezes, viajar sozinha é melhor do que em grupo. No primeiro dia à chegada em Milão, metade do grupo de 25 pessoas ficou para trás na conexão em Lisboa por causa das imensas filas na Imigração (eu fazia parte desse grupo) e perdeu o voo. Tivemos de esperar nos colocarem em outro avião, que fez conexão em Madrid. Chegamos em Milão à noite e o grupo que havia chegado primeiro já tinha feito os passeios que constavam do roteiro. No dia seguinte, antes de seguirmos para Pádua, conforme o itinerário, a guia sugeriu que fizéssemos um tour por Milão para que nós, que havíamos sido prejudicados, não ficássemos sem conhecer um pouco da cidade. A maior parte do outro grupo não concordou, dizendo que íamos perder tempo e que não podiam sacrificar a programação por causa de nós. Depois de muita discussão, cedemos, seguimos em frente e não conhecemos Milão. 
    Outra ocasião muito estressante foi quando fui à Capela Sistina com mais três colegas e, poucos minutos após entrarmos, elas quiseram ir embora pois já tinham visto o suficiente. Eu queria ficar mais um pouco e observar os detalhes da pintura, mas como estávamos juntas, não pude. Aí, pensei: "tanto dinheiro investido numa viagem para não aproveitar como eu desejava!".
      Sendo assim, elenco abaixo bons motivos para  viajar sozinha:

    1. Autoconhecimento - com mais tempo sozinha, você passa a se conhecer mais.
    2. Liberdade - você faz o seu roteiro e fica o tempo que quiser em cada lugar.
    3. Privacidade - direito de ficar à vontade e respeitar seus gostos e preferências.
    4. Superação - você tem a possibilidade de superar medos e inseguranças.
    5. Novas amizades - sozinha, você tem mais oportunidade de conhecer outras pessoas.
    6. Flexibilidade - se uma programação não agrada mais, você pode alterá-la como e quando quiser.
   7. Observação - quando você está sozinha, tende a prestar mais atenção a detalhes que poderiam passar desapercebidos se estivesse conversando com outras pessoas.
    8. Realização pessoal - a alegria de chegar em casa sã e salva após aventurar-se sozinha por novos lugares é muito gratificante.
    9. Aprendizado - você aprende muito ao ter de resolver situações que normalmente seriam resolvidas por outra pessoa.
    10. Confiança - você adquire mais autoconfiança e melhoria na autoestima.

Viajar em família é muito bom, viajar com amigos é muito bom, mas viajar sozinha também é muito bom. E um tipo de viagem não exclui o outro. 
Se você sonha em conhecer um destino e mais ninguém tem vontade de ir, programe-se, pesquise, elabore seu roteiro, faça as malas e vá! Aposto que será uma viagem inesquecível!





quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Como estudei inglês nos EUA durante minhas férias






Eu sempre tive o desejo de estudar inglês fora do país, mas durante minha juventude, isso era muito caro e só os muito ricos podiam investir num curso no exterior, pois não havia as facilidades do mundo moderno, como cartões de crédito e internet. 
    Com a coragem advinda das viagens que eu já havia feito, e graças ao meu trabalho que me proporcionava condições financeiras para tal, em 2012 comecei a pesquisar cursos de inglês nos EUA. Apesar de ter dois sobrinhos morando lá, eu queria justamente ir para longe deles, a fim de ficar completamente sem ninguém por perto que falasse português. Então, comecei a pesquisar sobre cursos de curta duração - infelizmente, eu não tinha disponibilidade para passar muito mais do que um mês fora - e descobri o Programa STEP na Universidade de Washington, em Seattle. Fiquei radiante, pois meu irmão já havia ido a Seattle a trabalho, há muito tempo, e ele sempre falava com carinho dessa cidade. Eu já havia assistido a vários filmes rodados lá e, além disso, eu queria visitar a cidade de Forks, no mesmo Estado, por causa da história dos vampiros da série Twilight. Como o curso de inglês durava 3 semanas, eu teria mais uma para visitar Forks e ainda poderia fazer um bate e volta à Colúmbia Britânica, no Canadá. Então, com os planos decididos, apliquei para o curso, paguei também pela hospedagem em quarto individual dentro do prédio da Universidade e planejei toda a viagem restante.
        Fiquei mais ansiosa do que o normal com essa viagem, pois eu iria ficar completamente sozinha, com a comunicação toda em inglês e eu estava longe de ser fluente (e ainda estou). 
        Na imigração, fui muito bem acolhida. Assim que cheguei no campus, fiquei maravilhada com a estrutura, a organização, a beleza e a natureza do local. Grandes gramados, com bancos, árvores e muito espaço para caminhada, na companhia de esquilos e corvos. O prédio onde eu morei era moderno e dentro do meu apartamento tinha uma sala, varanda, um enorme banheiro comunitário e 4 quartos. Os colegas do curso eram todos asiáticos, grande maioria chineses e coreanos, sendo pouquíssimos japoneses. Quase todos viajavam em grupo e fiz logo amizade com uma  menina japonesa que também estava sozinha. O curso foi realizado nas 3 primeiras semanas do mês de agosto e no primeiro dia fizemos um teste preliminar para sabermos em qual nível entraríamos. Fiquei surpresa por ter sido avaliada para estudar com a turma mais avançada. Na verdade, fiquei admirada com a minha capacidade de me comunicar e de entender a professora e os colegas. A professora era russa e muito simpática. As aulas eram todas as manhãs e duas vezes por semana, no período da tarde, íamos visitar pontos turísticos de Seattle com profissionais da Universidade. O restante das tardes eram livres. Eu frequentava a linda Biblioteca para fazer as lições e ler (fiquei apaixonada pelo prédio, que lembra muito as salas de Hogwarts). Em algumas tardes, sozinha, fiz passeios pela cidade e aprendi a andar de ônibus. Um dia, juntei-me a um grupo de colegas e fizemos um passeio próximo do Monte Rainier. 
        Quando acabou o curso, passei uma semana hospedada em Port Angeles e, de lá, visitei Forks e Sequim, cidadezinhas minúsculas e muito charmosas. Passei um dia, ainda, em Vitória, na Colúmbia Britânica,  Canadá. O acesso se faz via ferry boat e tem imigração dos dois lados da fronteira. Na ida, foi tudo bem; os canadenses foram muito simpáticos. Já na volta, o policial da imigração implicou comigo, questionando o porquê de eu ter ido para o Canadá e querer retornar aos EUA. Tive de abrir a bolsa, mostrar documentos e, depois de muitas caretas, ele deixou-me passar. Essa foi a única vez que me estressei em imigração durante minhas viagens.
        Esta viagem foi uma das mais intensas e corajosas que fiz. Eu sei que, se tivesse ficado mais tempo, teria melhorado muito minha fluência na língua inglesa. Ao final das férias, eu me comunicava com bem mais facilidade. O  mais importante de tudo isso é que, mais do que realizar um desejo antigo, ganhei maior confiança em mim mesma.