Com a recente notícia na mídia sobre a aluna de Biomedicina com 44 anos, que foi ridicularizada nas redes sociais por jovens colegas de curso, fiquei a pensar na minha trajetória de vida.
Aos 44 anos, fiz um curso de inglês no exterior, por um mês, morando em dormitório estudantil, sonho que eu não consegui realizar durante a minha juventude. Meus colegas jovens, com quem fiz amizade, mantém contato comigo até hoje pelas redes sociais.
Com 45 anos, participei de uma coletânea de poesias (sim, gosto de escrever poemas) que foi publicada em uma editora portuguesa. Ainda tenho o objetivo de publicar um livro. Aguarde.
Aos 47 anos, comecei a dirigir e comprei meu primeiro carro, libertando-me de um medo que me acompanhava desde mais nova.
Ao completar 50 anos, dei de presente para mim uma viagem a Paris, sem falar francês, ganhando ainda mais confiança para continuar a viajar sozinha, o que eu faço desde meus 27 anos. Foi ao completar essa idade tão simbólica, que fiz a promessa de, a partir de agora, todos os anos em que eu viver, conhecerei um lugar novo no mundo ou realizarei alguma atividade inédita para mim.
Foi então, no meio da pandemia da covid-19, com 52 anos, que eu fiz minha primeira - e até agora - tatuagem. Lógico que o desenho que escolhi representa o que mais gosto de fazer, que é viajar.
Nessa altura, passei a ser mais ativa nas redes sociais, fazendo alguns cursos de comunicação, área pela qual sempre fui apaixonada, com o objetivo de incentivar outras mulheres a viajarem sozinhas e viverem de forma plena e feliz.
Completei 53 anos sozinha na linda cidade de Ushuaia, na Patagônia Argentina. Pela primeira vez, visitei o Canal de Beagle, caminhei com pinguins e meditei enquanto observava uma enorme geleira. Ainda aos 53, comecei a caminhar e a participar de provas de pedestrianismo. Uma reeducação alimentar e exercícios físicos fizeram-me perder 18Kg.
Relato tudo isso para explicar que realizar sonhos não depende da idade. Depende somente de desejar e se programar para isso.
Sendo assim, eu gostaria de dizer às mulheres mais jovens que, se tiverem sorte, chegarão à casa dos 40 anos e que isso não será motivo para aposentar ou desistir de fazer seja lá o que for. Eu diria também que discriminar alguém pela idade, ou seja, etarismo, deve ser combatido, uma vez que a expectativa de vida está cada vez maior no Brasil. Segundo os últimos dados do IBGE, a expectativa de vida dos homens passou de 72,8 para 73,1 anos e a das mulheres foi de 79,9 para 80,1 anos.
Espero, com estas minhas palavras, incentivar você, leitor a se levantar do sofá e agir rumo à realização daquilo com que sempre sonhou. É isso. Vamos viver uma vida plena de alegria e realizações.