Quando completei 50 anos, fiquei a pensar no que eu tinha feito durante o meio século de existência vivido até então. Meditei em muitas lembranças da minha vida, umas muito boas, outras, nem tanto. Como desejei que o tempo voltasse uns 30 anos! Porém, eu sabia que isso seria impossível (por que ainda não inventaram uma máquina do tempo?). Bem, voltar no tempo seria útil somente se nossa mente estivesse com a sabedoria de agora, para não repetirmos erros passados. Então, só me restava viver da melhor forma possível as próximas décadas. Como é provável que não viva mais 50 anos com saúde e disposição, eu teria de buscar a minha melhor versão com urgência, pois não havia mais tempo a perder.
Comecei minha segunda metade de século com uma grande e bonita festa de aniversário. Eu nunca havia tido uma festa de aniversário com tanta gente, com comida, docinhos, bolo e decoração. (verde e vermelha, remetendo a Portugal). Minha família nunca foi acostumada a comemorar aniversários, além de um bolinho. Quem preparou essa festa foi a equipe que trabalhava comigo na Seção de Projetos da Secretaria de Educação. A surpresa da festa foi tão grande, que virou uma chavinha dentro de mim, fazendo com que eu fizesse uma promessa interna, de que, daqui para a frente, todos os anos eu faria algo novo ou visitaria um lugar que eu nunca tivesse ido. Com a festa, senti-me renascendo, com novas oportunidades de ser feliz.
Já li muitos textos afirmando que a vida começa aos 40. Aliás, essa é uma frase muito repetida, pois pesquisas informam que, nessa faixa etária, as pessoas já conquistaram muito do que almejavam, seja casa própria, família, emprego e carro. Embora eu já tivesse conquistado muita coisa antes dos 50, foi a partir dessa nova idade que me senti como tendo a vida realmente recomeçando. Ter 40 pode representar o auge da vida adulta, mas completar 50 é diferente – o corpo e a mente mudam drasticamente. Para mim, foi como um novo início.
O melhor de tudo é que, depois dessa festa, consegui manter minha promessa: a cada ano, vivi novas experiências, mesmo durante a pandemia da COVID-19. Já lá vão 4 anos desde aquela primeira promessa. E sigo em frente neste propósito. É como digo: enquanto há vida e saúde, há uma série de possibilidades à nossa frente. Por isso, para mim, a vida começa aos 50.