Eu não fui criada valorizando aniversários. Para minha família, era um dia comum como qualquer outro. Não culpo ninguém, pois isso era reflexo da criação que tiveram lá no interior de Portugal, em que a pobreza e a luta pela sobrevivência é que eram mais importantes do que comemorar o dia do nascimento de alguém. Sendo assim, eu cresci com sentimentos confusos sobre fazer aniversário. Até mesmo constrangida eu ficava quando outras pessoas queriam cantar parabéns para mim. Sei lá. Talvez fosse assunto para terapia?
De uns anos para cá, passei a refletir sobre esses sentimentos e a desejar passar meus aniversários fazendo o que mais gosto: viajando sozinha. Sim, se viajar é o que mais gosto de fazer e comemorar aniversário não me encanta, por que não vivenciar essa data em lugares diferentes?
Neste momento, não me recordo com detalhes de todos os aniversários que eu passei, mas os dos últimos anos, sim. Em um ano, comemorei no exterior com a família da minha sobrinha, em outro, com os pinguins na Patagônia Argentina, e, no ano passado, na praia cantada pelo poeta Vinícius, a de Itapuã.
Após completar 50 anos, um marco na vida de todos - meio século de vida!- decidi que sempre passaria o aniversário de forma diferente. Ter novas experiências tornou-se meu mantra e uma necessidade em prol da minha saúde mental.
Foi às 22h do dia 17 de outubro de 1968, o ano que não terminou (lembra do livro de Zuenir Ventura?), que vim ao mundo, numa maternidade da zona leste - ou seria norte? - de São Paulo. E foi justamente na cidade de pedra, que já foi da garoa e que nunca dorme, que decidi comemorar a chegada dos 56 anos, em 2024.
Não viajei para longe, mas passar o dia na minha cidade natal teve um significado especial. De manhã, fui ao Parque do Ibirapuera (quer lugar mais paulistano?) e visitei a exposição interativa do tema que mais desperta meu lado lúdico: o mundo mágico de Harry Potter. À tarde, curti minhas amadas irmã e sobrinha, que toparam minha loucura de almoçar num restaurante temático de HP (sim, de novo). À noite, fui sozinha - afinal vivo só e plena - num Music Bar assistir a uma banda que homenageou John Lennon, libriano como eu. Finalizar a noite do dia 17 (nasci às 22h, não esqueça) ouvindo músicas do John Lennon fechou com chave de ouro estas 56 primaveras.
Ah, esqueci de registrar nestas linhas que as comemorações começaram 2 dias antes, no show de Paul McCartney, que é meu Beatle e cantor favorito desde minha infância.
Desde que comecei a viajar ou ter novas experiências por ocasião do meu aniversário, essa data tomou outra proporção. Não me sinto mais constrangida, mas grata pelos anos vividos e esperançosa pelos que ainda virão.
Agora, tenho 1 ano para planejar meu próximo aniversário, que será em algum lugar diferente, com certeza. Cheers!!!