sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Aniversários entre comemorações e viagens

Eu não fui criada valorizando aniversários. Para minha família, era um dia comum como qualquer outro. Não culpo ninguém, pois isso era reflexo da criação que tiveram lá no interior de Portugal, em que a pobreza e a luta pela  sobrevivência é que eram mais importantes do que comemorar o dia do nascimento de alguém. Sendo assim, eu cresci com sentimentos confusos sobre fazer aniversário. Até mesmo constrangida eu ficava quando outras pessoas queriam cantar parabéns para mim. Sei lá. Talvez fosse assunto para terapia?

De uns anos para cá, passei a refletir sobre esses sentimentos e a desejar passar meus aniversários fazendo o que mais gosto: viajando sozinha. Sim, se viajar é o que mais gosto de fazer e comemorar aniversário não me encanta, por que não vivenciar essa data em lugares diferentes?

Neste momento, não me recordo com detalhes de todos os aniversários que eu passei, mas os dos últimos anos, sim. Em um ano, comemorei no exterior com a família da minha sobrinha, em outro, com os pinguins na Patagônia Argentina, e, no ano passado, na praia cantada pelo poeta Vinícius, a de Itapuã. 

Após completar 50 anos, um marco na vida de todos - meio século de vida!- decidi que sempre passaria o aniversário de forma diferente. Ter novas experiências tornou-se meu mantra e uma necessidade em prol da minha saúde mental.

Foi às 22h do dia 17 de outubro de 1968, o ano que não terminou (lembra do livro de  Zuenir Ventura?), que vim ao mundo, numa maternidade da zona leste - ou seria norte? -  de São Paulo. E foi justamente na cidade de pedra, que já  foi da garoa e que nunca dorme, que decidi comemorar a chegada dos 56 anos, em 2024.

Não viajei para longe, mas passar o dia na minha cidade natal teve um significado especial. De manhã, fui ao Parque do Ibirapuera (quer lugar mais paulistano?) e visitei a exposição interativa do tema que mais desperta meu lado lúdico: o mundo mágico de Harry Potter. À tarde, curti minhas amadas irmã e sobrinha, que toparam  minha loucura de almoçar num restaurante temático de HP (sim, de novo).  À noite, fui sozinha - afinal vivo só e plena - num Music Bar assistir a uma banda que homenageou John Lennon, libriano como eu. Finalizar a noite do dia 17 (nasci às 22h, não esqueça) ouvindo músicas do John Lennon fechou com chave de ouro estas 56 primaveras.

Ah, esqueci de registrar nestas linhas que as comemorações começaram 2 dias antes, no show de Paul McCartney,  que é meu Beatle e cantor favorito desde minha infância.

Desde que comecei a viajar ou ter novas experiências por ocasião do meu aniversário, essa data tomou outra proporção. Não me sinto mais constrangida, mas grata pelos anos vividos e esperançosa pelos que ainda virão.

Agora, tenho 1 ano para planejar meu próximo aniversário, que será em algum lugar diferente, com certeza.  Cheers!!!







segunda-feira, 8 de julho de 2024

Há vida produtiva depois dos 50. Concorda?

  

     Uma viajante com mais de 60 anos, dona da página do Instagram @coroamochileira, teve sua hospedagem negada num Hostel em Bruxelas, por não aceitarem pessoas com mais de 40 anos. Isso pode ser considerado etarismo ou somente a política interna da empresa? 

    Uma matéria do jornal A Folha de São Paulo explana os preconceitos enfrentados por mulheres com mais de 50 anos ao se divorciarem, voltarem a estudar ou procurarem uma nova colocação no mercado de trabalho. 

    São aceitáveis esses tipos de ocorrências em pleno século XXI, com tanto progresso tecnológico, social e de costumes?

    Na contramão desses eventos, a Forbes divulgou em 2023 uma lista de 200 mulheres com mais de 50 anos que manifestaram iniciativa, liderança, poder e influência nas categorias inovação, impacto, investimento e estilo de vida. Essa edição destacou que quase metade dessas mulheres fundou ou investiu em negócio próprio.

    Esse tipo de informação demonstra que, depois dos 50 anos, podemos, sim, estar em ótima forma e produtivas. 

    Ao completar 50 anos, refleti muito sobre como eu havia vivido até então e como desejaria viver a partir daí. Eu estava com meio século e não sabia quantas décadas mais eu teria pela frente. Dez, vinte ou cinquenta? Mesmo que vivesse mais cinquenta anos, seria com qualidade? Com saúde e boas realizações? Ou somente sobreviveria, com limitações e sonhos nunca realizados?  Assim sendo, decidi que, a cada ano seguinte,  eu iria vivenciar alguma experiência nova, ou conhecer um lugar novo. Esse foi um pacto feito comigo mesma.

    Comemorar 50 anos foi um marco em minha vida. Algo dentro de mim despertou para que eu buscasse viver mais intensamente cada ano seguinte. Hoje, aos 55, posso dizer que me mantenho firme nesse propósito. De lá para cá, conheci lugares novos no Brasil e no exterior, fiz uma tatuagem (gostei e já quero fazer outra), passei a ler livros de autoajuda (leitura que nunca havia me interessado), fiz reeducação alimentar, emagreci mais de 18kg e comecei a praticar musculação. Até show de stand-up comedy fui assistir, modalidade artística que passei a gostar muito recentemente. E é assim que tenho procurado viver desde aquele aniversário de 50, sempre procurando novidades. Logo, logo, uma grande decisão que tomei recentemente está prestes a mudar meu presente e meu futuro. Em breve, contarei mais aqui.

    Neste blog, além de explorar minhas experiências em viagens solo, acho importante também refletir sobre questões da vida de uma mulher com mais de 50 anos; suas dores, alegrias, desafios e conquistas.

    Quanto mais pessoas ponderarem sobre esse assunto tão atual, situações indesejáveis como ser impedida de se hospedar em um hostel ou dificuldades para iniciar um novo relacionamento ou carreira aos 50 ou mais acontecerão com cada vez menos frequência. Afinal, não é esta a sociedade que queremos? Com vida plena para todos?

      Comente. Dê sua opinião.


Fontes citadas no artigo: 

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2024/05/mulheres-com-mais-de-50-anos-enfrentam-preconceitos-por-se-divorciarem-ou-por-voltarem-a-estudar.shtml 

https://forbes.com.br/forbes-mulher/2023/08/50-over-50-200-mulheres-50-mostram-que-maturidade-e-um-superpoder/ 



quinta-feira, 16 de maio de 2024

A 13 de maio

 




A 13 de maio saudades senti

Da mãe carinhosa que deu-me a vida.

Tão devotada era à Virgem Maria

Meu nome escolhido em louvor à Rainha.

Ave, ave, ave Maria!

Ave, ave, ave Maria!


Maria de Fátima meu nome é tal

Ao daquela que é a Santa Mãe de Portugal.

"Não há nome mais lindo" - minha mãe repetia

Assim como a Virgem da Cova da Iria.

Ave, ave, ave Maria!

Ave, ave, ave Maria!


Sempre quando eu volto ao país de meus pais

Nunca deixo de ir àquele lugar de paz.

A cada 13 de maio, com o coração apertado

Recordo a saudosa mãe e aquele chão tão sagrado.

Ave, ave, ave Maria!

Ave, ave, ave Maria!




quarta-feira, 25 de outubro de 2023

O ABC DE SALVADOR

 


Axé!


Bahia de todos os santos

Caetano canta seus encantos


Dona de um clima quente que o corpo aquece

Enobrece


Faróis a avistar

Grandeza à beira-mar

História viva a testemunhar


Itapuã dos poetas e cantores

Jorge Amado e Castro Alves, com textos sedutores


Luz do luar é mais límpida

Mística


Natureza tropical

Ó pai, ó

Povo musical


Quitutes, como cocada, acarajé e abará

Referência gastronômica melhor não há

Satisfação de aroma e paladar 


Timbalada, ritmo que embala dos baianos a lida

Urbanidade cantante na religião e na vida 

Vibra


Xodó do Nordeste

Zelo de um povo, do litoral ao Agreste.









domingo, 8 de outubro de 2023

40 ANOS DEPOIS, A REALIZAÇÃO DE UM SONHO ADOLESCENTE

 


Anos 80! Vivi minha adolescência com intensidade nessa década frenética, em que o rock brasileiro atingiu seu auge de criatividade, lançando músicas e cantores que se eternizaram. Naquela época, eu sonhava em visitar o Rio de Janeiro e assistir ao vivo  cantores e bandas do rock brasileiro, como RPM,  Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana e Barão Vermelho. Uma delas, em especial, é o objeto deste meu texto. 

O ano era 1982 ou 1983, não me lembro ao certo. O que me lembro bem é que eu e minha colega de escola da 8ª série, Magda Roberta, éramos apaixonadas pela banda Blitz e pelo Evandro Mesquita, vocalista. Ouvíamos e cantávamos todas as músicas em várias tardes na casa dela. Até hoje, mais de 40 anos depois, sei de cor a maioria das canções. Um belo dia, veio a notícia de que a banda viria a se apresentar em Santos, no Clube Sírio Libanês, no bairro do Gonzaga. A mãe da minha amiga ia levá-la e convidou-me para ir junto. Desnecessário falar que meu pai não deixou, né? Imagina, eu, com 14 anos, indo a um show de rock tarde da noite. Eu tinha autorização para passear e chegar só até 20h em casa. Implorei, mas nada adiantou. Para piorar a situação, minha amiga pediu-me para ir com ela, numa tarde, comprar os ingressos, e eu fui. Lógico que adormeci chorando naquela noite. Ah, as dores da adolescência! 

O ano, agora, é 2023. Quatro décadas depois do acontecido. Enquanto navegava pelo Instagram, deparei-me com o anúncio do ano para mim: um show das bandas Blitz e Barão Vermelho no Morro da Urca, no Rio de Janeiro. A lembrança daquele fato ocorrido 40 anos atrás logo surgiu em meu pensamento e eu quis sanar essa questão mal resolvida. Decidi ir ao show.. Eu já havia visitado a Cidade Maravilhosa em outras ocasiões, mas desta vez eu iria vivenciar algo que estava em minhas memórias da adolescência: um show da Blitz e, por conseguinte, do Barão Vermelho, no Rio de Janeiro. Para melhorar, no Morro da Urca, um ponto turístico emblemático da cidade. Eu não poderia ansiar nada melhor!

No Rio, sempre me hospedo em Copacabana que, para mim, é um excelente custo-benefício. Para ir ao Pão de Açúcar, bastava pegar um táxi à porta do hotel. Porém, eu estava preocupada com a volta, alta da madrugada. Conversando com vários moradores da cidade, todos foram unânimes em me dizer que, como o show iria até à madrugada, seria fácil conseguir táxi para voltar, mesmo em meio à multidão que estaria saindo ao mesmo tempo. Confiei e fui! Dentro de mim, a intuição dizia também que seria tranquilo o retorno.  Mesmo porque não seria tão longe assim.

Com roupa confortável,  jeans, blusa, tênis nos pés e bolsinha pequena a tiracolo, lá fui eu por volta das 22h30 para o Morro da Urca. Eu já havia visitado o Pão de Açúcar de dia. De noite a vista também é muito bonita, mas confesso que, durante o dia, o panorama é mais exuberante.

O show da Blitz iniciou pouco depois das 23h30 e foi emocionante cantar “Você não Soube me Amar”, “A Dois Passos do Paraíso” e “Weekend”. Enquanto ouvia Evandro Mesquita, lembrei-me daquela garota que, além de amar os Beatles e os Rolling Stones, também amava a Blitz, e chorou muito por não tê-la assistido naquela noite dos anos 80. Porém, refleti que nada acontece por acaso, que houve motivos para eu não ter ido àquele show, que meus pais tinham medo - compreensível - da violência, que eles não tinham o costume de ir a espetáculos musicais, que eu era muito nova para ir a um show. Ali, embevecida com as músicas que embalaram minha juventude, refleti tudo isso. E agradeci por, neste momento, eu ter tido a possibilidade de estar ali, mais madura, a assistir a essa banda consagrada, naquele que era o local correto e o momento certo para usufruir de tudo o que ela representava para mim!

No intervalo entre os shows, comprei como lembrança um copo temático a R$10,00, pois eu precisava de uma recordação desta noite especial. Acabei consumindo só uma garrafa de água mineral, mas havia lanches, cerveja e refrigerantes à venda no espaço externo. 

Barão Vermelho, mesmo sem Cazuza e Frejat, continua eletrizando a plateia, com clássicos como “Pro Dia Nascer Feliz”, “Exagerado” e “Maior Abandonado”. Por fim, assim como a maior parte do público, ouvi, de forma reverente, a linda canção “Codinome Beija-flor”.

Os shows foram ótimos, mas o local estava superlotado, com muitas pessoas assistindo por um telão do lado de fora. Eu mesma fiquei em pé próximo às portas de saída, com receio de algum tipo de acidente, pois era impossível alguém se locomover sem causar um pouco de empurra-empurra. Muitos comentavam que parecia que havia mais pessoas do que o local comportava. 

Saí antes do show terminar, para aproveitar que a fila do bondinho ainda não estava tão grande. Lá embaixo, comprovei o que tinham me falado sobre a facilidade de ir embora. Além de estar cheio de gente na rua comendo nos vários carrinhos de bebidas e lanches, havia muitos táxis enfileirados. Peguei um deles, que me cobrou um preço fixo de R$30,00. Aceitei, pois eu não tinha outra alternativa. A diferença não foi tanta assim, pois eu havia pago por volta de R$20,00 na ida.

Não me senti insegura em momento algum. O entorno do Morro da Urca estava bem policiado e não vi nenhuma movimentação suspeita. Cheguei ao hotel mais de 3h30 da madrugada, com o coração repleto de gratidão por este show que me fez reviver a intensidade com que vivi os emblemáticos anos 80!











domingo, 10 de setembro de 2023

CONFORTO QUENTE NUMA NOITE GELADA






A noite caía rapidamente. Vivian descia a rua escura e gelada. Só mais duas quadras e chegaria ao ponto de ônibus. Hoje, o trabalho tinha sido estafante, com muitas cartas e enormes memorandos para escrever e despachar. 

Pelo caminho, lembrou-se dele, de seu cheiro inebriante, seu calor aconchegante e do efeito que sua presença fazia em seu corpo.

Sem titubear, ela virou a esquina e decidiu ir visitá-lo. Não precisava avisá-lo de sua chegada.

Bastava, simplesmente, aparecer para desfrutar de sua paixão, como sempre o fizera.

Melhor decisão não poderia haver neste início de noite invernal.

À porta, não necessitava de campainha. Era só entrar, como de costume, pois ele estaria sempre disponível, tamanha intimidade havia entre eles.

Acomodada em sua poltrona habitual, enquanto o aguardava, Vivian recordava os cálidos

momentos que havia vivido ali, em meio aos conhecidos móveis de madeira escura.

O aroma inebriante pairava no ambiente, antecipando a chegada esperada.

Os sentidos de Vivian, alertas, na expectativa do encontro tão desejado, que daria fim

ao frio que sentia.

E eis que ele aparece encorpado, negro, fumegante: o café especial da cafeteria mais charmosa de Santos, a do Museu do Café.




domingo, 28 de maio de 2023

DESFECHO DE UMA NOITE CHUVOSA

 

Já de noite, a caminho de casa, admiro a noite pela janela do táxi. Amo noites chuvosas e a luz refletida nas poças d’água. É um misto de nostalgia e charme. As noites chuvosas de inverno me relaxam muito. Adoro adormecer ao som das gotas de chuva no vidro da janela. Isso é o que chamo de paz!

Saio do carro correndo para tentar me molhar o menos possível. Subo as escadas do prédio e, no alpendre, fico à procura da chave do apartamento. Por que nunca a pego antes de sair do carro? Todos os dias gasto uns 5 min à sua procura dentro do caos que é minha bolsa. A chuva e o cansaço apertam e eu descubro que estou sem as chaves. Toco o interfone, torcendo para Jorge, meu namorado estar em casa. Ninguém atende. Só me resta sentar à espera que ele ou algum vizinho chegue.

Ao encostar na porta, descubro que está destrancada. No corredor, vejo meu apartamento aberto. Finalmente, entro em casa, ansiosa por um banho quente e uma caneca de chá. Porém, algo está errado. A casa está às escuras. Entro e logo chamo o Jorge. Nada. Acendo as luzes e nada, também. Só me faltava essa, sem luz para meu banho quente. Ligo a lanterna do celular e vou até o quarto. Às escuras. O banheiro, idem. A cozinha está com a porta da varanda entreaberta. Vou até o lado de fora ver se, de repente, ele saiu para levar o lixo ao contentor. No exterior, só a chuva e o uivo do vento. De repente, sinto um arrepio na espinha, de que algo está errado. Apalpo a bancada da cozinha em busca da faca de carne no suporte e ela não está. Fico parada, com os olhos tentando me adaptar à escuridão do ambiente, enquanto meu corpo treme de medo. Sim, há algo de muito estranho acontecendo. Tem alguém no apartamento. Alguém que pode ter machucado ou matado meu namorado e que está escondido em algum lugar esperando só o momento de me atacar.

Nas pontas dos pés, vou até a porta da saída na esperança de fugir. Neste instante, sinto alguém batendo fortemente em minha cabeça e desmaio.

Acordo, deitada na banheira com o chuveiro pingando água fria em minhas pernas. Sinto frio! A cabeça dói. Que tipo de tortura é essa?

Ao sentir tocarem em minha cabeça, abro os olhos e grito, assustada. É Jorge, todo preocupado vestindo um roupão, me levantando do chão. Ele não tinha aberto a porta porque estava no banho. No fim, tudo não passou de um sonho ao adormecer, cansada, encostada à porta do prédio. Não era bem esse o desfecho que eu esperava para esta noite.


Aniversários entre comemorações e viagens

Eu não fui criada valorizando aniversários. Para minha família, era um dia comum como qualquer outro. Não culpo ninguém, pois isso era refle...