domingo, 10 de setembro de 2023

CONFORTO QUENTE NUMA NOITE GELADA






A noite caía rapidamente. Vivian descia a rua escura e gelada. Só mais duas quadras e chegaria ao ponto de ônibus. Hoje, o trabalho tinha sido estafante, com muitas cartas e enormes memorandos para escrever e despachar. 

Pelo caminho, lembrou-se dele, de seu cheiro inebriante, seu calor aconchegante e do efeito que sua presença fazia em seu corpo.

Sem titubear, ela virou a esquina e decidiu ir visitá-lo. Não precisava avisá-lo de sua chegada.

Bastava, simplesmente, aparecer para desfrutar de sua paixão, como sempre o fizera.

Melhor decisão não poderia haver neste início de noite invernal.

À porta, não necessitava de campainha. Era só entrar, como de costume, pois ele estaria sempre disponível, tamanha intimidade havia entre eles.

Acomodada em sua poltrona habitual, enquanto o aguardava, Vivian recordava os cálidos

momentos que havia vivido ali, em meio aos conhecidos móveis de madeira escura.

O aroma inebriante pairava no ambiente, antecipando a chegada esperada.

Os sentidos de Vivian, alertas, na expectativa do encontro tão desejado, que daria fim

ao frio que sentia.

E eis que ele aparece encorpado, negro, fumegante: o café especial da cafeteria mais charmosa de Santos, a do Museu do Café.




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