A noite caía rapidamente. Vivian descia a rua escura e gelada. Só mais duas quadras e chegaria ao ponto de ônibus. Hoje, o trabalho tinha sido estafante, com muitas cartas e enormes memorandos para escrever e despachar.
Pelo caminho, lembrou-se dele, de seu cheiro inebriante, seu calor aconchegante e do efeito que sua presença fazia em seu corpo.
Sem titubear, ela virou a esquina e decidiu ir visitá-lo. Não precisava avisá-lo de sua chegada.
Bastava, simplesmente, aparecer para desfrutar de sua paixão, como sempre o fizera.
Melhor decisão não poderia haver neste início de noite invernal.
À porta, não necessitava de campainha. Era só entrar, como de costume, pois ele estaria sempre disponível, tamanha intimidade havia entre eles.
Acomodada em sua poltrona habitual, enquanto o aguardava, Vivian recordava os cálidos
momentos que havia vivido ali, em meio aos conhecidos móveis de madeira escura.
O aroma inebriante pairava no ambiente, antecipando a chegada esperada.
Os sentidos de Vivian, alertas, na expectativa do encontro tão desejado, que daria fim
ao frio que sentia.
E eis que ele aparece encorpado, negro, fumegante: o café especial da cafeteria mais charmosa de Santos, a do Museu do Café.