terça-feira, 22 de junho de 2021

Minhas origens

Minha primeira viagem a Portugal foi em julho de 1998. Dessa vez, fui realmente desacompanhada. Passei 2 dias sozinha em Lisboa, visitando todos os endereços onde moraram meus avós e meus pais, nos tradicionais bairros Mouraria e Bairro Alto. Lembro-me de sentir muita emoção ao vislumbrar pela primeira vez o Miradouro de São Pedro de Alcântara, onde meu pai brincava com menos de 6 anos de idade, bem como o Hospital St. Louis, na Rua Luz Soriano, onde ele ia à catequese das freiras, com interesse em ganhar os rebuçados que elas davam ao fim das aulas (década de 20). Foi com grande sentimento afetivo também que caminhei pela Rua João do Outeiro e Rua da Mouraria, onde moraram meus pais, avós e tios. Se eu já era ligada à história da família, esta viagem reforçou essa ligação mais ainda. Fora isso, a cidade, com toda sua beleza, luz e história, conquistou meu coração!

Em 1998, acontecia em Lisboa a Expo 98, no Cais do Sodré, e tive a feliz oportunidade de visitar essa grande exposição, cujo tema era "Os Oceanos: um Patrimônio para o Futuro", em comemoração aos 500 anos dos descobrimentos. 

Aliás, lembro-me de uma gafe que cometi dentro do metrô, a caminho da Expo 98.  Encontrei um quiosque com a palavra “CORREIO” bem grande. Sem titubear, entrei no quiosque com um cartão postal que eu havia comprado para enviar aos meus pais no Brasil. Assim que pedi selos para o Brasil, a atendente me disse que ali não era correio, mas sim posto de anúncios para um jornal. Se já não bastasse o engano, ainda tive a pachorra de insistir, dizendo que eu havia lido a palavra “CORREIO” no quiosque. A atendente me explicou que aquele era o nome de um jornal, ou seja, “Correio da Manhã”. Lógico que, na minha ansiedade e distração habituais, eu não havia reparado nas palavras “da manhã” escritas logo abaixo de “CORREIO” no letreiro. Morta de vergonha, pedi desculpas e saí rumo ao metro. Até hoje, a atendente deve estar rindo.

Após esses dois dias em Lisboa, participei de uma excursão de 8 dias de norte a sul do país, pacote adquirido ainda no Brasil. Éramos 40 brasileiros, dentre eles uma moça que também viajava sozinha. Desta vez, optei por hospedar-me em quarto individual nas cidades por onde passamos: Albufeira, Faro, Coimbra, Évora, Guimarães, Braga, Porto, Viana do Castelo.

Após a excursão, voltei a Lisboa e fiquei 8 dias com meus tios e primos. Passei momentos maravilhosos conhecendo vários parentes, ouvindo histórias antigas e visitando a aldeia onde meus avós tinham casa e terras. Esse contato com os familiares garantiu-me amizades para toda a vida.

Conhecer a história, a arquitetura e a cultura portuguesa tão de perto fez-me sentir parte de um povo e amar minhas raízes.

Já voltei outras vezes a Portugal e, fora Lisboa, minha cidade favorita é Coimbra. Nas duas vezes em que estive na cidade universitária, viajei de comboio (trem) e hospedei-me sempre em hotéis próximos ao Rio Mondego. Meu pai gostava muito de Coimbra e contava muitas histórias. A mais impactante para mim sempre foi a do amor de Inês de Castro e Pedro I (se você não conhece a história, procure no Google e leia). Visitei a Quinta das Lágrimas e seus túmulos no Mosteiro de Alcobaça, locais que eternizam esse amor tão lindo! 
Nunca me canso de visitar a Sé Velha, o Penedo da Saudade, o Mosteiro de Santa Cruz, o parque Portugal dos Pequenitos, o Mosteiro de Santa Clara e a famosa Universidade. E fazê-lo sozinha possibilita-me permanecer o tempo necessário para sentir toda a energia e prestar atenção em cada detalhe de todos esses locais, no meu próprio ritmo. Esse é o benefício de se viajar sozinha.




2 comentários:

  1. E já passaram 23 aninhos .sempre linda beijinhos e boas viagens.

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  2. Ola Fátima Tudo bem com você! da próxima vez em Portugal tenho uma sugestão fazer o percurso de Chaves - ate faro Rota Nacional nº 2 é maravilhoso, beijo.

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